2º Festival da Juventude Rural discute permanência dos jovens no campo
Apresentação da ORQUESTRA POPULAR MENINO DE CEILANDIA, na abertura dia 26/07/2010 às 20h00
segunda-feira, 26 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
segunda-feira, 12 de julho de 2010
terça-feira, 6 de julho de 2010
Ponto a ponto, costurando o sonho
Ponto a ponto, costurando o sonho Ceilândia, com duas escolas para formação básica em moda, tornou-se local de encontro de mulheres de várias cidades do DF que desejam mergulhar no universo fashion e dele emergir como estilistas
http://www.correiobraziliense.com.br/page/221/cidades.shtml
Leilane Menezes
Correio Braziliense
Publicação: 06/07/2010 07:00
O universo fashion fascina. É um delírio: o glamour das modelos elegantes indo e vindo com suas pernas esguias na passarela, a rotina de badalação dos criadores das grandes marcas. Tudo isso atrai os sonhos de centenas de homens e mulheres que querem fazer parte desse mundo de fantasias. Mas a impressão que fica é a de que as portas só estão abertas para um grupo seleto. Em meio à multidão, há quem almeje, em segredo ou não, ser chamado de estilista. Em Ceilândia, estudantes, donas de casa, microempresárias, desempregadas, enfim, toda sorte de pessoas vindas dali e de outras regiões encontra espaços onde pode se aproximar um pouco mais da atmosfera da moda. Elas quebram preconceitos e cultivam a fé em si mesmas.
Para mulheres de diferentes profissões, a passarela com modelos elegantes já não está tão distante. Nos cursos, elas começam a se identificar com os variados estilos e muitas pensam em lançar a sua marca no mercado - (Breno Fortes/CB/D.A Press)
Para mulheres de diferentes profissões, a passarela com modelos elegantes já não está tão distante. Nos cursos, elas começam a se identificar com os variados estilos e muitas pensam em lançar a sua marca no mercado
Pelo menos três instituições oferecem aulas gratuitas, ou a preços simbólicos, para os que planejam entrar no mercado da moda, mas têm limitações financeiras. Na Escola Técnica de Ceilândia (ETC) há cursos de designer de moda e estilismo e modelagem, desde 2009. É cobrada taxa única de R$ 50 para compra de materiais, manutenção do espaço, entre outras despesas. O valor é irrisório se comparado à mensalidade de uma faculdade particular de moda, que pode passar de R$ 1 mil. Em breve, os cursos básicos de dois meses, três vezes por semana, oferecidos pela ETC devem se transformar em cursos técnicos, com a inclusão do visagismo — serviço que cuida da imagem pessoal por completo.
Mulheres dos 16 aos 60 anos se divertem enquanto aprendem uma profissão e viajam longe, sonham alto. Há entre 15 e 20 alunas em cada uma das quatro turmas comandadas pela professora Marciana de Souza. Elas aprendem a desenhar, têm noções de história da moda, estilo, de qual é a roupa adequada para cada tipo de corpo e, por fim, desenvolvem uma coleção. A desse bimestre tem como tema as formas geométricas, tudo com um toque de patchwork, técnica que privilegia o aproveitamento de retalhos.
A professora Marciana garante que qualquer um pode ser estilista, %u201Cdesde que goste, tenha persistência e estude muito%u201D - (Breno Fortes/CB/D.A Press)
A professora Marciana garante que qualquer um pode ser estilista, %u201Cdesde que goste, tenha persistência e estude muito%u201D
Uma das estudantes, Marlene Alves, 44 anos, moradora de Samambaia Sul, já pensa em montar a própria grife. “Tenho até um nome: Nazareno. Vai ser para pessoas que vestem tamanhos maiores. É difícil achar roupas bonitas que caibam. Por isso, vim me qualificar”, explicou Marlene. Ela sempre costurou, gosta de idealizar um modelo, desenhar e vê-lo sair do papel. Mas não imaginava poder viver disso. Agora, exibe vaidosa as peças que produziu.
Dinheiro
A atividade, além de diversão, pode garantir uma boa renda a quem acreditar no próprio talento. As amigas Luciana de Freitas, 30 anos, e Rosenalda Gonzaga, 35, saem do Núcleo Bandeirante rumo a Ceilândia três vezes por semana para aprender tudo que precisam saber a fim de montar uma loja com marca desenvolvida pela dupla: a Diva Rosa, de moda praia e fitness. “Moda não é só se vestir bonitinho. Tem toda uma história, uma função e jeito de funcionar dentro da sociedade”, ensina Luciana, que cursa designer de moda e pretende se matricular nas aulas de modelagem (nas quais se aprende a fazer os moldes de uma roupa) em seguida. “Desde pequena eu mexia na máquina de costura da minha mãe. É um gosto natural”, explicou Rosenalda.
Marciana, a responsável por expandir os horizontes dessas mulheres, vê a moda com seriedade, mas também como uma terapia. “Moda é um sonho e o desfile é como um show. Qualquer um pode ser estilista, desde que goste, tenha persistência e estude muito.” A professora ainda enxerga esse aprendizado com um viés econômico. “Queremos colocar Ceilândia no circuito da moda. Gerar empregos. Brasília ainda é carente de estilistas, costureiros e principalmente modelistas. A procura pelo curso de design de moda ainda é pequena. As pessoas precisam acreditar mais nessa área como forma de ganhar dinheiro e se realizar, não importa a classe social”, afirmou Marciana, que cursou faculdade de moda e está no mercado há 20 anos.
Aprendizado
Na Associação Cultural Menino de Ceilândia, dezenas de alunas também já aprenderam, sem pagar nada, noções básicas de estilismo: como montar um visual, fazer desenhos de moda, combinar cores e tecidos, entre muitas outras etapas. Dois estilistas profissionais comandam as lições. Uma das aprendizes, Carla Cristina de Almeida, 31 anos, moradora de Vicente Pires, se dedica a construir a própria marca de bolsas. “Já comecei a trabalhar. Antes eu fazia as bolsas em vários materiais, mas depois do curso melhorou muito. Vendo em casa, no salão de beleza, para os amigos, parentes”, relatou Carla.
A moradora de Ceilândia Vilanir Cardoso da Silva Mendes, 45 anos, já tem no currículo cinco cursos relacionados a costura e estilo, todos feitos de graça. Ela começou a estudar há pouco tempo, mas sempre sonhou em montar a própria loja e ser dona de uma grife de roupas e acessórios. “Eu tenho filhos e não tinha tempo nem acreditava que trabalhar com isso era possível”, explicou. O plano parece cada vez mais próximo de se realizar. “Nos cursos, acompanhamos desfiles e eu vi que é uma área que promete muito no DF e está despontando, e quem se qualificar vai se dar bem”, explicou.
Portas abertas
Com as aulas, Vilanir descobriu que leva jeito para estilista. “É algo que me dá muito prazer. É delicioso vestir bem uma pessoa, ver que ela gostou”, disse. Segundo Vilanir, as portas nesse mercado se abriram para ela depois das aulas. “Sempre gostei dessa área. Mas não imaginava que eu daria certo nela. Pensava que estilismo era algo muito distante. Mas já estou costurando para uma loja e ganhando o meu dinheiro. Em breve, vou realizar meu sonho de ter a minha grife”, acredita. “Dá até para trabalhar com montagem de vitrine, costuram em larga escala, algo mais personalizado, é só comprar as máquinas e escolher. As professoras da Menino de Ceilândia passam muita segurança. Incentivam a gente a se esforçar e investir”, afirmou Vilanir. “Esses cursos não têm todo aquele glamour, aquela propaganda, acontecem em um lugar fechadinho. As pessoas não imaginam onde podem descobrir talentos”, concluiu.
Cursos
* A Associação Cultural Menino de Ceilândia abre inscrições em julho. Informações: 3373-2741.
* Na Escola Técnica de Ceilândia as matrículas para o próximo bimestre já estão em andamento. Informações: 3376-5217.
http://www.correiobraziliense.com.br/page/221/cidades.shtml
Leilane Menezes
Correio Braziliense
Publicação: 06/07/2010 07:00
O universo fashion fascina. É um delírio: o glamour das modelos elegantes indo e vindo com suas pernas esguias na passarela, a rotina de badalação dos criadores das grandes marcas. Tudo isso atrai os sonhos de centenas de homens e mulheres que querem fazer parte desse mundo de fantasias. Mas a impressão que fica é a de que as portas só estão abertas para um grupo seleto. Em meio à multidão, há quem almeje, em segredo ou não, ser chamado de estilista. Em Ceilândia, estudantes, donas de casa, microempresárias, desempregadas, enfim, toda sorte de pessoas vindas dali e de outras regiões encontra espaços onde pode se aproximar um pouco mais da atmosfera da moda. Elas quebram preconceitos e cultivam a fé em si mesmas.
Para mulheres de diferentes profissões, a passarela com modelos elegantes já não está tão distante. Nos cursos, elas começam a se identificar com os variados estilos e muitas pensam em lançar a sua marca no mercado - (Breno Fortes/CB/D.A Press)
Para mulheres de diferentes profissões, a passarela com modelos elegantes já não está tão distante. Nos cursos, elas começam a se identificar com os variados estilos e muitas pensam em lançar a sua marca no mercado
Pelo menos três instituições oferecem aulas gratuitas, ou a preços simbólicos, para os que planejam entrar no mercado da moda, mas têm limitações financeiras. Na Escola Técnica de Ceilândia (ETC) há cursos de designer de moda e estilismo e modelagem, desde 2009. É cobrada taxa única de R$ 50 para compra de materiais, manutenção do espaço, entre outras despesas. O valor é irrisório se comparado à mensalidade de uma faculdade particular de moda, que pode passar de R$ 1 mil. Em breve, os cursos básicos de dois meses, três vezes por semana, oferecidos pela ETC devem se transformar em cursos técnicos, com a inclusão do visagismo — serviço que cuida da imagem pessoal por completo.
Mulheres dos 16 aos 60 anos se divertem enquanto aprendem uma profissão e viajam longe, sonham alto. Há entre 15 e 20 alunas em cada uma das quatro turmas comandadas pela professora Marciana de Souza. Elas aprendem a desenhar, têm noções de história da moda, estilo, de qual é a roupa adequada para cada tipo de corpo e, por fim, desenvolvem uma coleção. A desse bimestre tem como tema as formas geométricas, tudo com um toque de patchwork, técnica que privilegia o aproveitamento de retalhos.
A professora Marciana garante que qualquer um pode ser estilista, %u201Cdesde que goste, tenha persistência e estude muito%u201D - (Breno Fortes/CB/D.A Press)
A professora Marciana garante que qualquer um pode ser estilista, %u201Cdesde que goste, tenha persistência e estude muito%u201D
Uma das estudantes, Marlene Alves, 44 anos, moradora de Samambaia Sul, já pensa em montar a própria grife. “Tenho até um nome: Nazareno. Vai ser para pessoas que vestem tamanhos maiores. É difícil achar roupas bonitas que caibam. Por isso, vim me qualificar”, explicou Marlene. Ela sempre costurou, gosta de idealizar um modelo, desenhar e vê-lo sair do papel. Mas não imaginava poder viver disso. Agora, exibe vaidosa as peças que produziu.
Dinheiro
A atividade, além de diversão, pode garantir uma boa renda a quem acreditar no próprio talento. As amigas Luciana de Freitas, 30 anos, e Rosenalda Gonzaga, 35, saem do Núcleo Bandeirante rumo a Ceilândia três vezes por semana para aprender tudo que precisam saber a fim de montar uma loja com marca desenvolvida pela dupla: a Diva Rosa, de moda praia e fitness. “Moda não é só se vestir bonitinho. Tem toda uma história, uma função e jeito de funcionar dentro da sociedade”, ensina Luciana, que cursa designer de moda e pretende se matricular nas aulas de modelagem (nas quais se aprende a fazer os moldes de uma roupa) em seguida. “Desde pequena eu mexia na máquina de costura da minha mãe. É um gosto natural”, explicou Rosenalda.
Marciana, a responsável por expandir os horizontes dessas mulheres, vê a moda com seriedade, mas também como uma terapia. “Moda é um sonho e o desfile é como um show. Qualquer um pode ser estilista, desde que goste, tenha persistência e estude muito.” A professora ainda enxerga esse aprendizado com um viés econômico. “Queremos colocar Ceilândia no circuito da moda. Gerar empregos. Brasília ainda é carente de estilistas, costureiros e principalmente modelistas. A procura pelo curso de design de moda ainda é pequena. As pessoas precisam acreditar mais nessa área como forma de ganhar dinheiro e se realizar, não importa a classe social”, afirmou Marciana, que cursou faculdade de moda e está no mercado há 20 anos.
Aprendizado
Na Associação Cultural Menino de Ceilândia, dezenas de alunas também já aprenderam, sem pagar nada, noções básicas de estilismo: como montar um visual, fazer desenhos de moda, combinar cores e tecidos, entre muitas outras etapas. Dois estilistas profissionais comandam as lições. Uma das aprendizes, Carla Cristina de Almeida, 31 anos, moradora de Vicente Pires, se dedica a construir a própria marca de bolsas. “Já comecei a trabalhar. Antes eu fazia as bolsas em vários materiais, mas depois do curso melhorou muito. Vendo em casa, no salão de beleza, para os amigos, parentes”, relatou Carla.
A moradora de Ceilândia Vilanir Cardoso da Silva Mendes, 45 anos, já tem no currículo cinco cursos relacionados a costura e estilo, todos feitos de graça. Ela começou a estudar há pouco tempo, mas sempre sonhou em montar a própria loja e ser dona de uma grife de roupas e acessórios. “Eu tenho filhos e não tinha tempo nem acreditava que trabalhar com isso era possível”, explicou. O plano parece cada vez mais próximo de se realizar. “Nos cursos, acompanhamos desfiles e eu vi que é uma área que promete muito no DF e está despontando, e quem se qualificar vai se dar bem”, explicou.
Portas abertas
Com as aulas, Vilanir descobriu que leva jeito para estilista. “É algo que me dá muito prazer. É delicioso vestir bem uma pessoa, ver que ela gostou”, disse. Segundo Vilanir, as portas nesse mercado se abriram para ela depois das aulas. “Sempre gostei dessa área. Mas não imaginava que eu daria certo nela. Pensava que estilismo era algo muito distante. Mas já estou costurando para uma loja e ganhando o meu dinheiro. Em breve, vou realizar meu sonho de ter a minha grife”, acredita. “Dá até para trabalhar com montagem de vitrine, costuram em larga escala, algo mais personalizado, é só comprar as máquinas e escolher. As professoras da Menino de Ceilândia passam muita segurança. Incentivam a gente a se esforçar e investir”, afirmou Vilanir. “Esses cursos não têm todo aquele glamour, aquela propaganda, acontecem em um lugar fechadinho. As pessoas não imaginam onde podem descobrir talentos”, concluiu.
Cursos
* A Associação Cultural Menino de Ceilândia abre inscrições em julho. Informações: 3373-2741.
* Na Escola Técnica de Ceilândia as matrículas para o próximo bimestre já estão em andamento. Informações: 3376-5217.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Grito de liberdade »
A instituição Menino da Ceilândia consolida-se como Ponto de Cultura que transforma a vida de jovens e adultos da cidade
Adair Oliveira
Correio Braziliense
Publicação: 28/06/2010 08:18
Uma filipeta mudou a vida do jovem Geovani Marques, 25 anos. Naquele pequeno papel, havia o convite para participar de oficinas gratuitas. Ele seguiu o chamado e foi parar no Ponto de Cultura Menino de Ceilândia, localizado na QNM 3, de Ceilândia Sul. Lá, fez o curso de serigrafia e, dois anos depois, estava diante de um sonho realizado: ter o próprio negócio. "Criei a minha marca de skate, a ZNC. Além da confecção de adesivos, camisetas e logomarcas, passei a investir na produção de eventos, como a realização de campeonatos da modalidade na cidade", comemora.
Bloco Menino da Ceilândia nasceu pela falta de ocupação cultural na cidade
Vilanir Cardoso, 36 anos, também trilhou o mesmo caminho do novato empresário Geovani. Mal ela acabou de terminar os cursos de estilismo e corte e costura, ministrados pelos monitores da instituição, e viu os clientes duplicarem. "Os três meses de oficina aperfeiçoaram um trabalho que eu já executava. Senti o ânimo para abrir o meu próprio negócio", aponta.
Geovani e Vilanir são dois de centenas de jovens e adultos beneficiados pela instituição Menino da Ceilândia, que nasceu de uma brincadeira de carnaval. Em 1995, amigos se reuniram para botar o bloco na rua. Sentiram a necessidade de atividades culturais e descobriram no festejo popular a chance para trocar conhecimentos. Formaram então uma espécie de oficina para criar bonecos mamulengos, fantasias e adereços. Discutiram também a história do carnaval e as diferenças entre as regiões brasileiras. Além do desejo de brincantes, havia uma preocupação social e política. "A ideia de batizar o bloco de Menino da Ceilândia era para chamar a atenção sobre a quantidade de "meninos" e "meninas" que se tornavam pais na adolescência", conta o presidente Airton Velez.
Até virar Ponto de Cultura, uma década depois, o trabalho foi de formiguinha. Airton lembra que esse processo foi empolgante. "Ficamos espantados com a quantidade de gente que chegou no primeiro momento. Vieram 60 pessoas. Fizemos uma festa empolgante. Depois, as próximas turmas aconteceram, por meio da participação em editais lançados por instituições públicas e empresas privadas", aponta.
Carnaval de rua
Como os desfiles das escolas de sambas de Brasília ocorrem em Ceilândia, a instituição pautou as ações no carnaval de rua. O título de Ponto de Cultura permitiu a sistematização dos trabalhos. Desde a oficialização, mais de mil alunos foram beneficiados com os cursos oferecidos. "Antes de sermos aprovados no programa Cultura Viva, não tínhamos sede fixa. Por isso, os trabalhos eram realizados nas casas dos fundadores da associação. A falta de equipamentos para ministrar as oficinas era outra dificuldade. Depois que ganhamos esse edital, tivemos condições de oferecer mais do que somente o bloco de carnaval e alguns trabalhos com os moradores de Ceilândia", conta Ailton.
Um exemplo é a Orquestra Menino da Ceilândia, projeto que tem chamado a atenção tanto dos organizadores quanto da comunidade. Criado há um ano, o grupo de instrumentistas de sopro é formado por 15 alunos do curso de musicalização. Os aprendizes, alguns encaminhados para o mercado, contam com a regência do maestro Fabiano Medeiros. "Não haveria condições de termos essa orquestra se não tivéssemos a estrutura que o Ponto de Cultura nos deu", ressalta Ailton Velez.
Ao longo dessa década, o Menino da Ceilândia realizou, sobretudo, parcerias, como ferramenta chave para oferecer oportunidades aos moradores da Ceilândia. A ONG Programando o Futuro, por exemplo, procurou o Ponto de Cultura para a criação da incubadora Economia de Cultura. O projeto piloto permitiu a formação de empreendedores culturais. A iniciativa de um ano reuniu 400 participantes. Eles aprenderam sobre logística, captação recursos financeiros, negociação com fornecedores, tipos de locais para a realização de eventos.
FIQUE DE OLHO
Atualmente, 200 jovens estão matriculados nos cursos de música, serigrafia e corte e costura. O Ponto de Cultura já capacitou também alunos nas áreas de artes plásticas e estilismo. Em julho, haverá oficinas diversas como frevo, música, corte e costura e serigrafia. Informações: 3373-2741.
AS OFICINAS
LITERATURA DE CORDEL - O conteúdo abrange história do cordel no mundo e no Brasil, introdução à literatura de cordel, rima, métrica silábica, soneto e prática da escrita em cordel.
ESTILISMO - Oferece aulas de história da moda, introdução de traços e desenho, conceitos básicos de moda, teoria das cores e pesquisa de moda.
ARTES PLÁSTICAS E CONFECÇÃO DE BONECOS - Os dois cursos ocorrem simultaneamente. Os alunos aprendem sobre modelagem de rosto, de corpos humanos, misturas das tintas para obter as tonalidades de cores.
DANÇA - O frevo é a base da oficina. Os alunos terão aulas de dança popular brasileira e treinamento dos passos que compõe a dança.
SERIGRAFIA - Introdução à serigrafia, elaboração e criação, higiene e segurança, conhecimento de cada tipo de cor, práticas de gravação de telas e impressão nos tecidos.
CORTE E COSTURA - O curso é composto por disciplinas como tipos de tecidos, modelagem e corte e costura em malha.
A instituição Menino da Ceilândia consolida-se como Ponto de Cultura que transforma a vida de jovens e adultos da cidade
Adair Oliveira
Correio Braziliense
Publicação: 28/06/2010 08:18
Uma filipeta mudou a vida do jovem Geovani Marques, 25 anos. Naquele pequeno papel, havia o convite para participar de oficinas gratuitas. Ele seguiu o chamado e foi parar no Ponto de Cultura Menino de Ceilândia, localizado na QNM 3, de Ceilândia Sul. Lá, fez o curso de serigrafia e, dois anos depois, estava diante de um sonho realizado: ter o próprio negócio. "Criei a minha marca de skate, a ZNC. Além da confecção de adesivos, camisetas e logomarcas, passei a investir na produção de eventos, como a realização de campeonatos da modalidade na cidade", comemora.
Bloco Menino da Ceilândia nasceu pela falta de ocupação cultural na cidade
Vilanir Cardoso, 36 anos, também trilhou o mesmo caminho do novato empresário Geovani. Mal ela acabou de terminar os cursos de estilismo e corte e costura, ministrados pelos monitores da instituição, e viu os clientes duplicarem. "Os três meses de oficina aperfeiçoaram um trabalho que eu já executava. Senti o ânimo para abrir o meu próprio negócio", aponta.
Geovani e Vilanir são dois de centenas de jovens e adultos beneficiados pela instituição Menino da Ceilândia, que nasceu de uma brincadeira de carnaval. Em 1995, amigos se reuniram para botar o bloco na rua. Sentiram a necessidade de atividades culturais e descobriram no festejo popular a chance para trocar conhecimentos. Formaram então uma espécie de oficina para criar bonecos mamulengos, fantasias e adereços. Discutiram também a história do carnaval e as diferenças entre as regiões brasileiras. Além do desejo de brincantes, havia uma preocupação social e política. "A ideia de batizar o bloco de Menino da Ceilândia era para chamar a atenção sobre a quantidade de "meninos" e "meninas" que se tornavam pais na adolescência", conta o presidente Airton Velez.
Até virar Ponto de Cultura, uma década depois, o trabalho foi de formiguinha. Airton lembra que esse processo foi empolgante. "Ficamos espantados com a quantidade de gente que chegou no primeiro momento. Vieram 60 pessoas. Fizemos uma festa empolgante. Depois, as próximas turmas aconteceram, por meio da participação em editais lançados por instituições públicas e empresas privadas", aponta.
Carnaval de rua
Como os desfiles das escolas de sambas de Brasília ocorrem em Ceilândia, a instituição pautou as ações no carnaval de rua. O título de Ponto de Cultura permitiu a sistematização dos trabalhos. Desde a oficialização, mais de mil alunos foram beneficiados com os cursos oferecidos. "Antes de sermos aprovados no programa Cultura Viva, não tínhamos sede fixa. Por isso, os trabalhos eram realizados nas casas dos fundadores da associação. A falta de equipamentos para ministrar as oficinas era outra dificuldade. Depois que ganhamos esse edital, tivemos condições de oferecer mais do que somente o bloco de carnaval e alguns trabalhos com os moradores de Ceilândia", conta Ailton.
Um exemplo é a Orquestra Menino da Ceilândia, projeto que tem chamado a atenção tanto dos organizadores quanto da comunidade. Criado há um ano, o grupo de instrumentistas de sopro é formado por 15 alunos do curso de musicalização. Os aprendizes, alguns encaminhados para o mercado, contam com a regência do maestro Fabiano Medeiros. "Não haveria condições de termos essa orquestra se não tivéssemos a estrutura que o Ponto de Cultura nos deu", ressalta Ailton Velez.
Ao longo dessa década, o Menino da Ceilândia realizou, sobretudo, parcerias, como ferramenta chave para oferecer oportunidades aos moradores da Ceilândia. A ONG Programando o Futuro, por exemplo, procurou o Ponto de Cultura para a criação da incubadora Economia de Cultura. O projeto piloto permitiu a formação de empreendedores culturais. A iniciativa de um ano reuniu 400 participantes. Eles aprenderam sobre logística, captação recursos financeiros, negociação com fornecedores, tipos de locais para a realização de eventos.
FIQUE DE OLHO
Atualmente, 200 jovens estão matriculados nos cursos de música, serigrafia e corte e costura. O Ponto de Cultura já capacitou também alunos nas áreas de artes plásticas e estilismo. Em julho, haverá oficinas diversas como frevo, música, corte e costura e serigrafia. Informações: 3373-2741.
AS OFICINAS
LITERATURA DE CORDEL - O conteúdo abrange história do cordel no mundo e no Brasil, introdução à literatura de cordel, rima, métrica silábica, soneto e prática da escrita em cordel.
ESTILISMO - Oferece aulas de história da moda, introdução de traços e desenho, conceitos básicos de moda, teoria das cores e pesquisa de moda.
ARTES PLÁSTICAS E CONFECÇÃO DE BONECOS - Os dois cursos ocorrem simultaneamente. Os alunos aprendem sobre modelagem de rosto, de corpos humanos, misturas das tintas para obter as tonalidades de cores.
DANÇA - O frevo é a base da oficina. Os alunos terão aulas de dança popular brasileira e treinamento dos passos que compõe a dança.
SERIGRAFIA - Introdução à serigrafia, elaboração e criação, higiene e segurança, conhecimento de cada tipo de cor, práticas de gravação de telas e impressão nos tecidos.
CORTE E COSTURA - O curso é composto por disciplinas como tipos de tecidos, modelagem e corte e costura em malha.
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