quinta-feira, 30 de março de 2023

 Escolas rurais do DF recebem circuito gratuito de teatro

Projeto "Na trilha do teatro" oferece circuito gratuito de formação de plateia por mediação pedagógica, apresentação de espetáculos e oficina de musicalização

Mila Ferreira
 (crédito: Lúcio Gomes)(crédito: Lúcio Gomes)

A Cia Burlesca de teatro está promovendo, em várias Regiões Administrativas do Distrito Federal, um projeto gratuito que incentiva estudantes de escolas rurais a vivenciarem a experiência do teatro. O projeto "Na trilha do teatro" oferece um circuito gratuito de formação de plateia para estudantes do ensino fundamental por meio de três ações: mediação pedagógica, espetáculo O Violinista Mosca Morta e oficina de musicalização infantil. As atividades começaram no dia 28 de março e vão até o dia 18 de maio. Confira programação completa ao final da matéria.

Com uma metodologia que transforma o espectador em sujeito ativo, o projeto proporciona, no primeiro momento, uma mediação que ajuda o público de estudantes a se familiarizar com a linguagem teatral. O intuito é provocar os estudantes a pensarem sobre o que é, como se faz e porque se faz teatro. Assim, pode-se despertar o gosto pelas artes cênicas e a vontade de conquistar o prazer da autonomia interpretativa em sua relação com o espetáculo. Num segundo momento, após a apresentação da peça, esse trajeto lúdico contará ainda com oficina de musicalização com as mesmas turmas – uma expedição completa pelos caminhos do teatro.

Desde o início de sua atuação, em 2008, a Cia. Burlesca desenvolve ações com e para escolas públicas, auxiliando no despertar do olhar crítico e consciente do estudante para assistir a um espetáculo e estimulando um diálogo entre espectador e artistas da obra. Essa relação do grupo com as escolas rurais nasceu por meio de diferentes projetos assinados pela Cia. Burlesca, sempre transitando entre a apresentação gratuita de espetáculos, mediações artístico-pedagógicas e ações formativas diversas.

O espetáculo

Voltado para o público infantil, O Violinista Mosca Morta, interpretado por Pedro Caroca e dirigido por Mafá Nogueira, traz à cena a linguagem da palhaçaria e da música, construído pelo humor físico, sem texto falado, em que o palhaço Seu Coco, em seu primeiro concerto de violino, é importunado por uma mosca que aparece no palco. Trava-se então uma batalha com o inseto e, mesmo abalado, o palhaço não desiste e segue até o último compasso, a última nota, o último zumbido.

A equipe técnica e artística é colocada em contato direto com os estudantes, por meio de uma conversa mediada antes e após o espetáculo, com o objetivo de estimular não só a formação de plateias, mas também a formação de potenciais artistas.

Oficinas

O laboratório de musicalização favorece o desenvolvimento da sensibilidade e criatividade, da imaginação e memória, concentração e atenção, também contribuindo para a consciência corporal da criança. Por isso, após a apresentação do espetáculo, a música presente no espetáculo O Violinista Mosca Morta será motivo para despertar nos participantes o gosto pela música na prática, por meio de brincadeiras e jogos conduzidos pela equipe.

Além disso, uma cartilha de apoio será produzida com conteúdo lúdico para as crianças aproveitarem durante e depois a realização do projeto, e conceitos que se comunicam com o que foi abordado na preparação, no espetáculo e no laboratório.

FICHA TÉCNICA

Coordenação Geral: Pedro Caroca

Coordenação de Produção: Julie Wetzel

Gestão Financeira: Marino Alves

Assistente de Produção: Pedro Henrick

Arte-educadores: Lyvian Sena, Patrícia Barros e Pedro Caroca

Direção do espetáculo: Mafá Nogueira

Operação de som: Jullya Graciela

Palhaço Seu Cocó: Pedro Caroca

Artista Gráfico: Nara Oliveira

Fotógrafo: Webert da Cruz

Intérprete de Libras: Tatiana Elizabeth

 

DATAS DE APRESENTAÇÃO

Em Março

EC Aguilhada - São Sebastião

28/03 - formação e espetáculo

30/03 - musicalização

 

Em Abril

EC Café sem Troco - Paranoá

04/04 - formação e espetáculo

06/04 - musicalização

 

EC Córrego do Arrozal - Sobradinho

11/04 - formação e espetáculo

13/04 - musicalização

 

EC Aspalha - Lago Norte

18/04 - formação e espetáculo

20/04 - musicalização

 

EC Córrego das Corujas - Ceilândia

25/04 - formação e espetáculo

27/04 - musicalização

 

Em Maio

EC Kanegae - Riacho Fundo

09/05 - formação e espetáculo

11/05 - musicalização

 

Escola Bilíngue Libras e Português- Taguatinga

MATUTINO

16/05 - formação e espetáculo

18/05 - musicalização

segunda-feira, 27 de março de 2023

Grupo Via Sacra faz grande ensaio antes da encenação no Morro da Capelinha

 MORRO DA CAPELINHA

Grupo Via Sacra faz grande ensaio antes da encenação no Morro da Capelinha

O último grande ensaio antes da encenação sobre a vida, a morte e a ressurreição de Jesus no Morro da Capelinha, aconteceu neste domingo (26/3). Em 2023, a Via Sacra de Planaltina completa 50 anos

Eduardo Fernandes
postado em 27/03/2023 03:55
Edição de 2023 promete muitas novidades no Morro da Capelinha -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)Edição de 2023 promete muitas novidades no Morro da Capelinha - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Grupo Via Sacra realizou, neste domingo (26/3), o último encontro antes da encenação sobre a vida, a crucificação e a ressurreição de Jesus, no Morro da Capelinha, em Planaltina. A apresentação acontecerá no mesmo local do ensaio, na Sexta-Feira Santa, 7 de abril, com início previsto para às 14h30. Cerca de 1.400 pessoas estão envolvidas no projeto, que conta com atores, coordenadores, cenografia e figurantes. A expectativa de público varia de 70 a 150 mil pessoas.

Neste ano, a tradicional Via Sacra completa 50 anos de existência. O coordenador geral da apresentação, Preto Resende, 64 anos, está há quase 4 décadas participando da encenação que representa a vida e morte de Jesus. Nos ajustes finais da preparação, ele destaca que, nesta edição, a passagem bíblica tida como tema está presente no livro de Lucas 1:49 — "Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo".

“Nós sempre tivemos um lema: realismo, emoção e fé. Mas, assim como nos outros anos, também fizemos a escolha de um texto da Bíblia. Para este, decidimos que fosse o de Lucas”, detalha. Depois de um hiato, em razão da pandemia de covid-19, a Via Sacra volta para o segundo ano consecutivo de encenação.

Preto Resende diz que a espera para colocar em prática tudo o que foi treinado nos ensaios está enorme. O ciclo de encontros entre todo o grupo encerrou-se neste domingo. Agora, haverá ensaios menores ao longo da semana que antecede a apresentação.

  • Edição de 2023 promete muitas novidades no Morro da CapelinhaMarcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 26/03/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Planaltina DF, Morro da Capelinha, ultimo ensaio para a encenação da Via Sacra. Encontro de Maria de Nazaré com Jesus Cristo. Atores, Marcelo Augusto Ramos, interpreta o personagem de Jesus Cristo com Milena Guimarães interpreta Maria de Nazaré.Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 26/03/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Planaltina DF, Morro da Capelinha, ultimo ensaio para a encenação da Via Sacra. Marcelo Augusto Ramos, interpreta o personagem de Jesus CristoMarcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 26/03/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Planaltina DF, Morro da Capelinha, ultimo ensaio para a encenação da Via Sacra. Marcelo Augusto Ramos, interpreta o personagem de Jesus CristoMarcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 26/03/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Planaltina DF, Morro da Capelinha, ultimo ensaio para a encenação da Via Sacra. Marcelo Augusto Ramos, interpreta o personagem de Jesus CristoMarcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Edinalva (à esquerda) e Maria (direita) acompanharam o último ensaio da apresentação da Via SacraEduardo Fernandes / CB / DA PRESS

Principal personagem

Ele começou como apoiador da Via Sacra e trabalhou nos bastidores do evento. No entanto, há praticamente uma década, foi entregue a Marcelo Augusto Ramos, 35, interpretar Jesus de Nazaré na Via Sacra.

“É uma experiência que mudou totalmente a minha vida. É algo muito grandioso de ver e de participar”, relata. A rotina de ensaios, vivida arduamente durante 40 dias ininterruptos, tem sido difícil, mas é recompensadora. Entre os estudos e o transporte de Arniqueira — local em que reside — até Planaltina, é complicado. Mas, mesmo com os obstáculos, ele se diz muito feliz por estar mais uma vez protagonizando na peça.

Ator amador, ele é católico desde pequeno. Crismado, batizado e casado na igreja, tem uma vida completamente devota à religião. Na hora da atuação, principalmente no momento em que é flagelado, tudo é de verdade e “dói” bastante como o mesmo afirma. Antes, o chicote era usado em câmera lenta. Mas, desta vez, será mais real e impactante.

Para esta edição, Marcelo diz que o grupo está empenhado para mostrar o trabalho de suas vidas. “Esse ano vai ser especial, temos grandes atrações e muitas surpresas”, reitera. Aos que não assistiram ainda, o ator convida todos para uma grande experiência sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus.

Mergulho na fé

Maria, mãe de Jesus, também se faz presente como protagonista. Para representar esse importante papel, Milena Guimarães, 45, descreve a emoção que é poder participar de algo tão bonito quanto a Via Sacra. “É uma coisa inexplicável. Me faltam até palavras para falar sobre tanto sentimento. Encenar sobre a vida da mulher que mudou toda a história da humanidade não tem preço”, ressalta.

Desde a adolescência assistindo a história de Jesus ao vivo no Morro da Capelinha, Milena, por algum tempo, deixou de participar, mas volta, pelo quarto ano seguido, interpretando Maria.

Para garantir a qualidade na atuação, Milena revela que transitou, além do mergulho na própria espiritualidade, em estudos, séries e tudo que envolvesse a história de Maria, para continuar aprendendo ainda mais sobre a personagem. “Leio livros, estudo a Bíblia, mas a inspiração também parte da oração. Peço a Maria licença para representar um pouco do que ela foi”, finaliza.

Fiéis

No sol escaldante de meio-dia, os devotos marcaram presença para assistir ao último ensaio antes do espetáculo. A aposentada Maria Rodrigues, 58, mora no Arapoanga. Fã da Via Sacra desde quando era criança, comparecer ao evento nesta época do ano é uma tradição.

No entanto, em anos anteriores, complicações de saúde não lhe permitiram contemplar a apresentação. Uma dor no joelho ainda causa algumas preocupações. Mas, mesmo assim, não consegue deixar de acompanhar. “Quando eu era mais jovem, subia esse morro aqui todinho. Mas chegou a idade e as coisas foram mudando um pouco. Até grávida de três meses eu subi aqui. Paguei promessa e tudo”, relembra, em tom descontraído.

Ao lado dela, a técnica em nutrição Edinalva Lúcia Ribeiro, 61, nasceu em Planaltina e vive no berço da Via Sacra desde sempre. Quando jovem, subia o morro por meio de uma corda que ficava no local, no passado. Depois da pausa em razão da crise sanitária, essa é a primeira vez que retorna para o espetáculo.

“Acho tudo muito emocionante. No ensaio, chorei horrores. É algo que toca muito, no dia vai ser mais lindo ainda”, comenta. Na encenação, promete comparecer com toda a família. Edinalva se diz ansiosa, porque o espetáculo tem uma estrutura de alto nível, com fogos e um belo figurino. “Se Deus quiser, estarei aqui para ver”, completa.

Ceilândia, uma cidade independente que tem tudo para sua população

 ANIVERSÁRIO CEILÂNDIA

Ceilândia, uma cidade independente que tem tudo para sua população

No dia em que comemora 52 anos, a região mostra a força que tem em diversos setores, entre eles, o econômico. Moradores e comerciantes apontam que a autonomia da cidade é o que mais chama a atenção

Arthur de Souza
José Augusto Limão*
postado em 27/03/2023 06:00 / atualizado em 27/03/2023 07:43
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Região mais populosa do Distrito Federal, Ceilândia está completando 52 anos, nesta segunda-feira (27/3). Ela representa 11,6% de todos os moradores da capital do país e se engana quem pensa que a força da cidade está somente em seus 350.347 habitantes — dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD) mais recente. Vice-presidente financeiro da Associação Comercial de Ceilândia (ACIC), Clemilton Saraiva, não tem dúvidas de que Ceilândia é uma cidade independente economicamente.

"O comércio local é muito pujante. Hoje, você não precisa sair de Ceilândia para comprar absolutamente nada", crava Clemilton. "Temos o maior número de atacarejos concentrados em uma região, além de praticamente uma cidade do automóvel no Setor O", detalha o representante da ACIC. Para ele, a economia local vem passando pelos mesmos problemas, de uma forma geral, que os do país. "Com essa retração econômica, a gente sente que tudo tem sido afetado. É claro que essa dinâmica do comércio é aquela história: a pessoa que trabalha e que empreende se reinventa todo dia e, em Ceilândia, isso não tem sido diferente", aponta Clemilton.

O vice-presidente da ACIC coloca alguns gargalos da cidade que acabam atrapalhando a economia local. "São questões de saúde, segurança e educação. Os gargalos para o desenvolvimento econômico da cidade estão, principalmente, nessas áreas", ressalta. "Além disso, temos um problema das águas durante os períodos de chuva. Ainda tem uma baixa captação de águas pluviais e isso influência, não só no comércio, mas na questão urbana como um todo", nota. Mesmo assim, ele acredita que Ceilândia ainda está em um patamar elevado. "Num panorama geral, Ceilândia é uma cidade que gera e entrega para o bolo do Distrito Federal na ordem de R$ 6 bilhões em impostos", enaltece.

Autonomia

Apaixonado pela cidade, Hugo Vinicius, 16, é comerciante em Ceilândia e explica que a população pode encontrar de tudo na região. Para ele, isso mostra a força do comércio. "Se você chegar aqui no centro da Ceilândia pode ficar tranquilo que vai achar o que precisa, por isso que essa cidade é muito boa para se morar e trabalhar", narra. O jovem destacou a gama de oportunidades de empregos que existem no local. "Todo dia aqui vemos uma pessoa diferente, tem clientes que a gente já conhece que frequenta a loja todo dia. O movimento aqui é muito bom", afirma.

Edimar Araújo, 58, e Iolanda Magalhães, 60, são moradores da Ceilândia há quarenta anos, e dizem que só de não precisarem se locomover para outra cidade para realizar suas compras é um diferencial. "De um tempo para cá, surgiram diversas variedades de comércio e isso facilita, e sem contar com o preço que é muito bom", expõe a cabeleireira. Para o casal, os habitantes provocaram esse desenvolvimento comercial. "Entendemos que Ceilândia é um bom lugar para viver, os preços baixos daqui viabilizam a nossa necessidade, pois aqui conseguimos consumir sem gastar tanto", calcula.

Sempre com o lápis e papel na mão, Iramar de Fátima, 60, elogia o baixo preço dos produtos em Ceilândia, mas segue fazendo sua pesquisa para economizar ao máximo. "Cheguei aqui quando tinha nove anos. Estava no comecinho da cidade. Cresci, casei, tive meus filhos, agora netos, tudo aqui em Ceilândia", frisa. A dona de casa diz que sempre encontra tudo que precisa no momento de fazer suas compras mensais. "Sempre vou nos atacadões que tem aqui, tudo bem perto de casa", salienta.

De olho no bom movimento do centro de Ceilândia, a loja de roupas em que Pedro José, 33, trabalha decidiu ir para a cidade. "Aqui o setor de confecção é muito bom, trabalhamos com um preço único então as pessoas vêm em peso", declara. Mesmo estando em um ambiente bom para as vendas, o morador do Novo Gama critica o alto número de roubos e usuários de drogas no espaço. "Estamos aqui na Ceilândia há cinco meses, temos outras lojas em diferentes cidades, e migramos para cá pois a cidade é umas das maiores do DF, então teve esse atrativo", destaca. Para o comerciante o local tem diversas oportunidades para o comércio, contudo existem alguns pontos sobre segurança pública que devem ser melhorados.

*Estagiário sob a supervisão
de Suzano Almeida

sábado, 25 de março de 2023

Guia Fora do Plano: roteiro de cidades que nem o brasiliense conhece direito

 

Guia Fora do Plano: roteiro de cidades que nem o brasiliense conhece direito

 

Neste sábado, 25/03, os amigos vão se reencontrar na Banca 308 Sul para o lançamento do Guia Fora do Plano, das 15h às 19h.

Guia Fora do Plano: roteiro de cidades que nem o brasiliense conhece direito.

O Plano Piloto é uma ilha cercada de cidades-satélites por todos os lados. Cada uma delas tem a própria história, o próprio jeito de viver. As regiões administrativas (RAs) são quase estranhas umas às outras — e todas elas são ainda mais estranhas ao Plano Piloto.

Quem é de Brasília, ou, dizendo de outro modo, quem é do Distrito Federal, pertence a dois lugares: à capital tão reverenciada, tão poderosa, e às RAs onde moram mais de mais de 90% da população brasiliense.

Este guia deixou o Plano Piloto de lado e foi atrás das 32 RAs que não estão na maquete inventada pelo arquiteto Lucio Costa. Projeto FAC, o Guia Fora do Plano apresenta, em forma de crônica, cada uma das 32 satélites, suas festas, feiras, vida cultural, lugares legais. E traz dados estatísticos, demográficos e históricos de cada RA. É ilustrado com fotos de Zuleika de Souza, que há décadas registra as cidades do DF.

Esperamos você!
#guiaforadopano
#planopiloto
#df
#Brasília

Ao completar 52 anos, Ceilândia recebe uma escultura em homenagem a sua nova idade

 Ceilândia completa 52 anos na próxima segunda-feira (27/3). Neste sábado. como parte das festividades, a cidade recebeu uma escultura em homenagem a sua nova idade. A obra em ferro, de autoria do artista plástico Gu da Cei, foi batizada de Sonho de Morar e tem cerca de 3 metros de altura e 2,5 metros de largura

A escultura traz uma placa com a frase “Ceilândia nasceu aqui” e representa uma mulher carregando uma casa na cabeça, acompanhada de seu filho. A intervenção faz parte da dissertação de mestrado em Artes Visuais (UnB) do artista Gu da Cei.

Monumento "Sonho de morar"


sábado, 18 de março de 2023

Como é viver no Sol Nascente, considerado a maior favela do Brasil

 Como é viver no Sol Nascente, considerado a maior favela do Brasil

O Sol Nascente superou a Rocinha na quantidade de unidades habitacionais, de acordo com o IBGE. Apesar de ainda ter sérias carências estruturais, o local é considerado pelo GDF como região administrativa desde 2019

(crédito:  Carlos Vieira)
(crédito: Carlos Vieira)

A maior favela do Brasil fica no Distrito Federal. Dados preliminares do Censo 2022 apontam que o Sol Nascente superou a Rocinha, no Rio de Janeiro, e já é a maior do país, com 32.081 unidades habitacionais, de acordo com informação exclusiva obtida pelo Correio, na última terça-feira (14/3), junto ao presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo.

Sol Nascente supera Rocinha em domicílios e se torna maior favela do país

Em 2000, o Sol Nascente foi reconhecido como setor habitacional por meio do Decreto nº 330/2000. No entanto, logo depois, o decreto foi considerado inconstitucional e revogado. Apesar disso, a comunidade continuou crescendo cada vez mais até que, em 2019, foi reconhecida como região administrativa. "O nosso reconhecimento como RA trouxe, acima de tudo, dignidade aos moradores daqui", pontuou o administrador regional do Sol Nascente, Cláudio Ferreira Domingues.

Hoje, a cidade conta com três unidades de saúde, três escolas públicas, um Centro Olímpico e Paralímpico (COP), além de vários projetos sociais e uma comunidade engajada. "A comunidade é muito unida aqui. As lideranças têm trabalhado para melhorar a nossa cidade a cada dia. O povo aqui é muito receptivo. Temos gente de várias regiões do Brasil, como Bahia, Maranhão e Piauí", ressaltou o administrador regional.

O termo favela é uma nomenclatura coloquial usada para definir o que o IBGE classifica como "aglomerados subnormais", que é uma forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia, públicos ou privados, para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico irregular. Além disso, ausência de serviços de saneamento básico e estrutura urbana precária também são critérios que definem essas comunidades.

Cláudio Ferreira discorda da denominação favela para definir o local. "Na nossa visão, enquanto governo e comunidade, não vemos como uma favela. Somos uma cidade que cresceu de forma desorganizada, porém o GDF determinou que o Sol Nascente viraria uma região administrativa em 2019. Começamos como uma grande invasão, mas hoje nos enxergamos como uma cidade em desenvolvimento", avaliou ele.

Carências

"Morar aqui é sofrimento. Mas, vai fazer o quê? É aqui que a gente tem condição de comprar um pedacinho de terra, porque é mais barato", explica Josevaldo Rocha, pedreiro, 37 anos, que mora há dois anos no Trecho 3 do Sol Nascente, com a esposa e a filha de 5 anos. Na avaliação da comerciante Doralice Silva, 42, o péssimo atendimento do transporte público é outro problema para quem vive na região. Em muitas localidades do Sol Nascente, não há ônibus e, com isso, as pessoas precisam caminhar mais de um quilômetro em meio à lama ou à poeira para poder chegar à parada de ônibus, ou se arriscar pedalando, como ela faz para levar a filha todo dia na escola. "O carro não presta mais para nada, é tanta buraqueira e chuva que quando precisamos levar as crianças, vamos de bicicleta. A gente fica caindo da bicicleta, escorregando, porque não tem asfalto", comentou ela.

Doralice explica que a região do Trecho 3 não é vista pela administração do Sol Nascente. "Quando eu vou ao posto de saúde, vejo que a gente fica esquecido. A briga é feia para poder atender quem mora aqui na região. A saúde aqui é uma negação", ressaltou. O comerciante e líder comunitário local José de Carvalho Araújo, 47, mora no Trecho 3 do Sol Nascente desde 2006. Desde então, batalha para melhorar as condições do asfalto e do saneamento básico do local. "Quando cheguei aqui, lutei, corri atrás, pedi um sistema de lixo, asfalto e saneamento. Há uns três anos, tiraram o asfalto para colocar águas fluviais e rede de esgoto, mas nunca repuseram o asfalto. Pago IPTU e IPVA para vir benfeitorias para nós, mas a situação está difícil", declarou. "Já tem mais de 15 anos que vivo aqui. Apesar de tudo, gosto de morar aqui. A comunidade aqui é unida", acrescentou José de Carvalho.

Sobre a questão, o administrador informou ao Correio que será resolvida em breve. "Já temos uma empresa contratada, por meio de licitação, para resolver a questão da drenagem e asfalto do Trecho 3. Este ano, o Sol Nascente está se transformando em um grande canteiro de obras", anunciou Cláudio Domingues. "Entre o fim de março e o começo de abril, vamos inaugurar também um restaurante comunitário. Temos ainda projetos para construção de novas escolas e creches", completou o administrador.

Para quem mora por ali, sair para trabalhar em época de chuva forte, é arriscado, conta Fábio Nunes, 49, técnico em eletrônica que mora há oito anos na região. "Se tiver em tempo de chuva igual as últimas que tiveram, ninguém sai para trabalhar, porque é arriscado", frisou ele. O porteiro Everaldo Evangelista, 45, mora há quatro anos na região. "Temos encontrado todo tipo de dificuldade, e a chuva tem destruído tudo. A água da chuva acumula e forma um rio aqui, ela vem forte e desce toda para cá, destruindo as casas. A energia elétrica por aqui é muito fraca também", contou ele.

Centro olímpico oferece aulas de natação para a comunidade
Centro olímpico oferece aulas de natação para a comunidade(foto: Carlos Vieira)

Cultura e lazer

Desde 2020, o Sol Nascente conta com um Centro Olímpico e Paralímpico (COP), onde aulas gratuitas de 26 modalidades esportivas são oferecidas gratuitamente à população local. Há opções para crianças a partir dos 4 anos, adolescentes, adultos e idosos. Aos finais de semana, o centro fica à disposição da comunidade e a população pode utilizar as quadras poliesportivas e a estrutura do centro. Atividades como colônias de férias e festas juninas também fazem parte do calendário do COP. "Aqui, oferecemos, inclusive, uma modalidade de alto rendimento que é o atletismo. Temos como professores ex-atletas olímpicos, como Hudson Souza e Eronildes Ribeiro", explicou o coordenador pedagógico Wellisson Dias.

A dona de casa Maria Elziane Cabral, 35, leva a filha, Yarla Cabral, 7, duas vezes por semana para fazer aula de natação no COP do Sol Nascente e relata que é o momento mais esperado da semana da menina. "Posso dizer que esse centro olímpico é um dos lados bons de viver aqui no Sol Nascente. Minha filha adora as aulas de natação", relatou.

A estudante de odontologia Raiane Costa, 33, também leva a filha, Esther Costa, 7, para fazer aulas de natação. "Moro aqui no Sol Nascente há quatro anos e acho aqui bem tranquilo. Antes, só tinha centro olímpico no Setor O. Quando abriram um centro aqui, achei ótimo, porque ficou mais perto para mim. Minha outra filha, de 12 anos, também faz atividades no centro. O Sol Nascente tem evoluído bastante com relação ao que era antes", disse.

Michelle Portela
Mila Ferreira
Ellen Travassos