segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CAMPUS ONLINE DIVULGA CULTURA DO DF

JORNAL VIRTUAL DA UNB, O CAMPUS ONLINE, DIVULGA A CULTURA DO DISTRITO FEDERAL E FALA SOBRE OS PONTOS DE CULTURA.
Programa Cultura Viva financia Pontos de Cultura em todo o país
http://fac.unb.br/campusonline/cultura/item/881-ainda-nao-tem-titulo

Domingo, 23 de janeiro de 2011 18:17
Escrito por Kássia Neves

 Duas horas da tarde de sábado e calor escaldante no galpão improvisado. Isso não intimida os alunos do projeto Menino de Ceilândia. Em pouco tempo os jovens estão prontos para mais um ensaio da orquestra. O som dos metais logo espalha pela rua um frevo animado.

Tudo começou em 1995, com um boneco gigante e o bloco de carnaval chamado Menino de Ceilândia. Dezesseis anos depois, a associação cultural tem muito mais para oferecer à comunidade. São aulas de música e dança, além de cursos como serigrafia e corte e costura. O marco da mudança aconteceu em 2005, quando a entidade passou a ser um Ponto de Cultura, parte do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura.

“Desesconder” o Brasil. Esse era o objetivo traçado um ano antes pelo então secretário de Cultura e Cidadania e idealizador do Cultura Viva, Célio Turino. Hoje a idéia se converteu em um programa com reconhecimento internacional, presente em mais de mil municípios brasileiros e que contempla as mais diversas formas de manifestação cultural, beneficiando cerca de oito milhões de pessoas.

As bases do Cultura Viva são os Pontos de Cultura, entidades que o Ministério reconhece e apoia, tanto financeira quanto institucionalmente. A escolha dos beneficiados se dá por meio de edital público, e é necessário que os candidatos desenvolvam atividades de impacto sócio-cultural em suas comunidades.

Além do título de Ponto de Cultura, os ganhadores recebem cerca de 180 mil reais divididos em cinco parcelas, que aplicam segundo plano previamente elaborado pelas próprias instituições. “Não há imposição sobre como aplicar os recursos distribuídos pelo Ministério da Cultura e cada Ponto desenvolve suas atividades conforme suas necessidades e plano de trabalho”, explica Turino em seu livro “Pontos de Cultura – O Brasil de baixo para cima”.
Rafael Qinan
Orquestra Popular Menino de Ceilândia ensaia frevos para o Carnaval





Rafael Qinan
Ailton Velez da Silva, presidente da Associação Cultural Menino de Ceilândia, fala sobre o trabalho do Ponto de Cultura

Para a Associação Cultural Menino de Ceilândia, tornar-se um Ponto de Cultura trouxe mudanças que refletiram na vida das pessoas. “Houve um engrandecimento pessoal e de conhecimento. Hoje a realidade é surpreendente, tem gente que começou música aqui e agora é profissional em bandas militares”, destacou o presidente da entidade, Ailton Velez da Silva. Para Maria Júlia Neves, de 19 anos, o aprendizado na associação também deve se transformar em carreira. “Fui aluna do projeto por dois anos e agora sou monitora de dança. Pretendo começar o curso de educação física ainda esse ano, se Deus quiser vai dar certo”.

E para mudar, basta querer. Não há qualquer exigência para participar do Menino de Ceilândia. “Não tem essa de que tem que estar na escola. A gente vê uma discriminação dentro da discriminação, sabe? Se a gente fechar mais uma porta, que oportunidade esse jovem vai ter? Tá na rua, passou, entrou, respeitou nosso ambiente... tá com a gente. Se gostou fica, se não gostou, vai embora”, completa Ailton.

Entraves burocráticos
Apesar do sucesso do programa Cultura Viva, a burocracia ainda é um entrave ao seu pleno funcionamento. A partir de 2007, já houve avanços na descentralização da coordenação das atividades, que passou a ser compartilhada com autoridades estaduais e municipais. Mas o controle ainda é rígido, como ilustrou Célio Turino: “Certa vez, visitando um Ponto de Cultura, uma senhora me disse: ‘Essa história de Ponto de Cultura é obra de Deus, mas a prestação de contas é obra do Diabo’.

De acordo com Célio Turino, o Estado não está preparado para se relacionar diretamente com o povo, quando o faz é na condição de manter a relação de dependência e assistencialismo “O atual regime de prestação de contas e controle é totalmente inadequado aos pequenos grupos culturais, desviando-os daquilo que fazem melhor, que é a própria cultura realizada pelo povo”, acrescenta o idealizador do programa Cultura Viva.

http://fac.unb.br/campusonline/cultura/item/881-ainda-nao-tem-titulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário